Maltas de Capoeira
O que são Maltas?
Grupos de Capoeiristas, assemelhavam-se a gangues.
História
MARGINALIDADE NO RIO : 1800-1850
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A maior parte das pesquisas enfocam o período da marginalidade no RJ. Porém, Salvador e Recife eram também centros de capoeira da época.
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A Capoeira no RJ era vista como um grupo de negros e homens pobres de todas as cores. Junto com prostitutas, malandros, faziam parte dos “grupos de rua”.
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Entre 1801 e 1831, a capoeira era a expressão da resistência escrava, sendo vítima da violência dos senhores e policiais.
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Em 1821, Major Vidigal foi nomeado comandante da Guarda Real da Polícia, instituindo uma sessão de torturas para os capoeiristas – a chamada “Ceia dos Camarões”.
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A partir de 1824, a punição para os capoeiristas se torna mais brutal: Além das 300 chibatas, eram enviados por 3 meses para trabalhos forçados no dique da Ilha das Cobras, ou na Estrada da Tijuca.
MARGINALIDADE NO RIO : 1850 – 1900•
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Na segunda metade do século XIX, as maltas locais dividiram-se em 2 principais grupos:
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NAGOAS: Ligados aos monarquistas do Partido Conservador, usavam a cor branca como emblema. Controlavam a periferia da cidade.
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GUAIAMUNS: Ligados aos Republicanos do Partido Liberal, usavam a cor vermelha. Controlavam a parte central da Cidade.
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No contexto da época, existia ainda um complexo mecanismo cultural. Dia de festa religiosa ou nacional era dia de alguma malta invadir território adversário.
BATALHÃO DOS ZUAVOS
Em 1864, o Brasil, juntamente com Uruguai e Argentina, entra em guerra contra o Paraguai. O Exército Brasileiro formou batalhões de capoeiristas, sendo prometido aos escravos a liberdade no final do conflito.
Os capoeiristas do Batalhão dos Zuavos eram especialistas em tomar as trincheiras na base da arma branca, e arrasaram na Guerra.
Muitos deles, agora transformados em heróis, passavam a fazer parte dos Nagoas e Guaiamuns.
GUARDA NEGRA
Essa malta foi criada em 1888 para salvar a monarquia e lutar contra os republicanos.
A Guarda Negra apresenta diversas interpretações dos pesquisadores. Os capoeiras negros teriam sido “manobrados” para “defenderem a Princesa Isabel que os libertou do cativeiro”. Mas a verdade é bem mais complexa, pois os capoeiristas mostravam conhecimento das ações políticas. Uniam-se aos monarquistas ou republicanos conforme as circunstâncias.
Personalidades
Nomes como Campanhão, Manduca da Praia, Trinca-Espinha se tornaram lendas.
Estrutura da Malta
Nessa época, não existiam academias onde se pudesse treinar capoeira. As maltas tinham esse papel. Na base desses grupos estavam os “Caxinguelês” (Iniciantes); Capoeiras Amadores (os que não se alinhavam nas gangues); Capoeiras Profissionais (os que conviviam no interior das maltas) e os “Chefes de Malta”.
O Processo de iniciação era um “rito de passagem” de “moleque de rua” à “Caxinguelê”. Deviam acompanhar a malta em suas lutas. Carregavam as armas dos adultos (auxiliares). Participavam dos treinos e depois iam para as praças, desafiando os policiais. Em seguida, entravam para o espaço da violência, enfrentando indivíduos mais fortes. O final do aprendizado era marcado pela posse da navalha e o uso do chapéu.